No futebol, sempre tem aquele torcedor que contesta tudo:
Os resultados dos jogos, pênaltis marcados, a posição do árbitro dentro de
campo. Enfim, são tantas objeções, que esse apreciador do esporte acaba ficando
taxado como “perdedor inconformado”. Mas se todas as pessoas soubessem o que
ocorre por trás de alguns jogos e campeonatos, certamente o que hoje é chamado
de futebol seria razão de descontentamento para muitos.
A manipulação de resultados no esporte nem
sempre é negociada por dinheiro. Às vezes influência, interesses pessoais e
políticos também são negociáveis.
Recentemente, os casos de manipulação de
resultados que vieram a público tinham uma coisa em comum: A grande
participação do árbitro nas combinações. Esses profissionais podem decidir
qualquer jogo se fizerem vista grossa com a jogada de um time, e travar outro.
Alguns árbitros recebem uma recompensa se
interferirem nos jogos, conforme ordem dada por seus superiores. Outros
simplesmente ficam “empacados” na carreira se não o fizerem.
Em entrevista realizada pela rádio Jovem Pan,
o árbitro Gutemberg de Paula Fonseca, que perdeu o escudo FIFA revelou ter
recebido ordens para favorecer o Corinthians no campeonato brasileiro de 2010.
Na entrevista, o supracitado profissional fez sérias acusações contra o
presidente da Comissão de Árbitros, Sérgio Corrêa. Segundo o denunciante, os
árbitros que não ligassem para Sérgio antes de apitar um jogo ficavam fora das
próximas escalas. Gutemberg conta que antes de apitar um jogo em que o
Corinthians ganhou do Goiás por 5 x1, o então presidente Sérgio Corrêa lhe
disse “Vai lá, boa sorte, vai apitar o jogo do TIMÃO, hein?!”. O árbitro
entendeu com essa mensagem que se o Corinthians não ganhasse, como punição ele
deixaria de ser escalado para os próximos jogos. Em um dado momento da
carreira, Gutemberg diz ter parado de ligar para Sérgio para pegar
“orientações”, e que devido a esse ato de desobediência, ele ficou fora dos sorteios
dos próximos trabalhos.
Outro caso de resultado combinado aconteceu no
ano passado no futebol amapaense. O Superior Tribunal de Justiça Desportiva
julgou o caso e os responsáveis foram sancionados. Estavam envolvidos o
empresário dirigente dos Santos, Luciano Marba, o presidente de arbitragem
Vicente Cruz e o diretor financeiro Ivan Luiz Ramos. Todos foram multados nos
valores de 25, 20 e 10 mil reais, respectivamente. Além das suspensões.
Em 2011 uma denúncia foi feita por dois
ex-árbitros que revelaram esquemas de manipulação no futebol do Rio de Janeiro.
Conforme explicado na denúncia, os árbitros são orientados pelo Observador dos
Árbitros, Messias José Pereira, e aqueles que não fazem o que o superior manda,
simplesmente não entram para a CBF (Confederação Brasileira de Futebol). Nesse
esquema são beneficiados os clubes que têm boa relação com a entidade e os de dirigentes
que têm influência. Há manipulação em todas as séries, mas principalmente na
zona de rebaixamento. No campeonato brasileiro de 2011, por exemplo, antes
mesmo de o torneio começar, já estava combinado de que o América seria
rebaixado. Coincidência ou não, foi isso mesmo que aconteceu.
Infelizmente essa é uma realidade do nosso
futebol. Foi-se o tempo em que se podia apreciar uma boa partida com aquela
torcida animada e cheia de expectativa.
Essas atitudes podem ser injustas e
desonestas com os clubes que sofrem com essa “falcatrua”, mas principalmente
com os torcedores que pagam valores altíssimos para assistir um jogo que já tem
um vencedor.
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